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2025-01-06 16:35 | 星期一

Gloriosa a Minha Revolta Quando Me Levanto (Explicit)歌词-Fátima Vale&Charles San

Gloriosa a Minha Revolta Quando Me Levanto (Explicit)歌词由Fátima Vale&Charles Sangnoir演唱,出自专辑《o.b.u.s. (Explicit)》,下面是《Gloriosa a Minha Revolta Quando Me Levanto (Explicit)》完整版歌词!

Gloriosa  a Minha Revolta Quando Me Levanto (Explicit)歌词

Gloriosa a Minha Revolta Quando Me Levanto (Explicit)歌词完整版

GLORIOSA É A MINHA REVOLTA QUANDO ME LEVANTO

não o teu sumário de apresentação pública

quando me submeto às tuas palavras

cascas de uma escultura alheia

cascas

colhidas do chão da soleira de outro artesão

de um artesão

de muitos artesãos

cascas

cascas

castas

da sociedade de cascas

GLORIOSA É A MINHA REVOLTA QUANDO ME LEVANTO

não os teus likes de coração quando digo as tuas palavras

e sem coração quando digo as minhas

verdade lancinante

antibacterianas na berma do caudal

GLORIOSOS SÃO OS MEUS JOELHOS

QUE SE NÃO DOBRAM AO CREDO NEM AO DINHEIRO

as minhas flores da pele vulneráveis pétalas de 24 horas

as minhas flores da pele vulneráveis elmos

as minhas flores da pele alambiques da frívola presença da ausência

as minhas flores da pele com marcas brancas de alma negra

gloriosos são os meus pés que acariciam o chão que não me pertence

GLORIOSO É O SEGREDO EM QUE VIVO

não porque oculte um só gesto mas porque é de mortos o mundo notícia

GLORIOSO É O NOJO PELO ESCUDO DO ALTO

pois esse escancara a ignorância a que vos vergais

GLORIOSA É A PALAVRA QUE VOS DESPE

a serpente que vos veste

escrevais o que escrevais ou até do silêncio imposto o desdém

e apetece meter a mão ventre abaixo e dedilhar o sexo

para manter a temperatura

as alterações climáticas atingiram os corpos

e a representação da coisa inteira

não é mais do que um conjunto de fragmentos

uma rebelião com órgãos um protesto obscuro

UM PROTESTO OBSCURO GLORIFICANTE QUANDO GRITA

mesmo que dentro do inaudível alcance presente

tudo se desdobra dentro e fora do tempo

dentro e fora da cela dentro e fora da máquina

dentro e fora é o mesmo alcance em variações de lucidez

GLORIOSAS SÃO AS PENETRAÇÕES QUE NÃO FAÇO

o teatro que dentro de mim rebenta

o cântico em mim sanguíneo sussurrante

as cores de braços abertos

os traços de linhas quebradas que guardo na língua

e não uso essa língua senão para me esquecer do seu silêncio

e não falo essa língua porque não beijo ninguém

não guardo segredos na carne endurecida

não lambo revelações no lume de ninguém

e não é este o meu protesto é porque não há ninguém

não há ninguém não há ninguém

não há ninguém não há ninguém

não é ilha não é cabo não é bote perdido no mar

é terra é trabalho é exílio é revolta é devastação

GLORIOSO É O ROUBO DA IDENTIDADE

a poucos quilómetros do fulgor raia a negação

e não és ninguém em parte alguma se não fores tudo em ti mesmo

não és ninguém em parte alguma se não fores tudo em ti mesmo

não és ninguém em parte alguma se não fores tudo em ti mesmo

papéis não provam nada nada prova nada

linhas de montagem são estas fronteiras

linhas de montagem do cadáver interrompido

morto és assim serás e continuarás a mexer

morto és assim farás

morto és assim farás

morto és assim farás

O PRAZER CONFISCA-SE PELO PRÓPRIO NA HORA DO ASSALTO

no checkpoint deste apartheid

esconde a verdadeira identidade

esconde-a nesse buraco infinito que és

mexe e labora mexe e labora logo sairás

mexe e labora mexe e labora logo sairás

O PRAZER É MEU O PRAZER É MEU O PRAZER É MEU

este dito dizedeiro repetido nas linhas do agradecimento

do engrandecimento

do cimento dos dias que rolam como cabeças ao nossos pés

é o ocultismo em prece em rito em ascença e veloz permissa

é a mais fausta veste o mais longo manto a reluzente coroa

gesto de brilhante poeira cósmica em revolução alada rebelião

O PRAZER É MEU

independência é isto e pouco mais é território

é desta guerra deste apartheid que vos falo

e se falo penetro e penetro-me

APARTHEID DO ÚNICO DO DIVERSO

APARTHEID DA TRANSPARÊNCIA

SOMOS GENTE DE SEGUNDA-A-SEXTA

Ó BRANCOS DE MERDA PRIMEIRA

e não choro que não tenho relógio nem hora mas pressa

a minha meia-idade é Gibraltar atravessado

Fernando Lemos à vista

Picasso fêmea a um só nome sem herança sem terra nem guerra

trovão de Amor na Perpendicular de Outro Mundo

de Outra Voz

pois toda esta é ruído dentro e fora da Cabeça

meu Farol do Infinito

a minha meia-idade é uma Rosa em Luxemburgo

um Espinho em Leninegrado

a minha meia-idade é uma dança sobre a vala comum de todos os czares

a minha meia-idade é a Guernica florida a escorrer sangue e sorriso

A MINHA MEIA-IDADE É O COLOSTRO DE TODAS AS MÃES

a minha meia-idade é o desenho industrial do desmedo

da revelação automática

Màrio Cesariny de cu virado para o sol

Natália inscrita no Partido Comunista Português

depois da morte pois toda a beleza é póstuma

todo o poeta é Incerteza

a minha meia-idade é o saxofone de Charlie Parker antes da pneumonia

a rebelião de todos os assassinados

o tesão de Egon Shiele quando desenhava

a minha meia-idade é o cansaço do Exército Vermelho

na tomada do Reichtag

a memória de todas as vítimas torturadas

a minha meia-idade é uma trincheira desarmada

entre o Belo e a Identidade

e só me afasto da idade quando caírem os checkpoints

de todos os apartheids

e rolarem as cabeças de todos os assassinos nos estádios de futebol

SOU UMA POETA DE ARENA

não um leão ou gladiador

de actriz glorifica-me o que não faço

Agnés Varda fez por mim o sol nascer

e se forrássemos os prédios abandonados com o rosto dos sem-terra

dos sem-abrigo dos sem identidade

o mundo seria uma assombração

O MUNDO É UMA ASSOMBRAÇÃO

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