Gloriosa a Minha Revolta Quando Me Levanto (Explicit)歌词由Fátima Vale&Charles Sangnoir演唱,出自专辑《o.b.u.s. (Explicit)》,下面是《Gloriosa a Minha Revolta Quando Me Levanto (Explicit)》完整版歌词!
Gloriosa a Minha Revolta Quando Me Levanto (Explicit)歌词完整版
GLORIOSA É A MINHA REVOLTA QUANDO ME LEVANTO
não o teu sumário de apresentação pública
quando me submeto às tuas palavras
cascas de uma escultura alheia
cascas
colhidas do chão da soleira de outro artesão
de um artesão
de muitos artesãos
cascas
cascas
castas
da sociedade de cascas
GLORIOSA É A MINHA REVOLTA QUANDO ME LEVANTO
não os teus likes de coração quando digo as tuas palavras
e sem coração quando digo as minhas
verdade lancinante
antibacterianas na berma do caudal
GLORIOSOS SÃO OS MEUS JOELHOS
QUE SE NÃO DOBRAM AO CREDO NEM AO DINHEIRO
as minhas flores da pele vulneráveis pétalas de 24 horas
as minhas flores da pele vulneráveis elmos
as minhas flores da pele alambiques da frívola presença da ausência
as minhas flores da pele com marcas brancas de alma negra
gloriosos são os meus pés que acariciam o chão que não me pertence
GLORIOSO É O SEGREDO EM QUE VIVO
não porque oculte um só gesto mas porque é de mortos o mundo notícia
GLORIOSO É O NOJO PELO ESCUDO DO ALTO
pois esse escancara a ignorância a que vos vergais
GLORIOSA É A PALAVRA QUE VOS DESPE
a serpente que vos veste
escrevais o que escrevais ou até do silêncio imposto o desdém
e apetece meter a mão ventre abaixo e dedilhar o sexo
para manter a temperatura
as alterações climáticas atingiram os corpos
e a representação da coisa inteira
não é mais do que um conjunto de fragmentos
uma rebelião com órgãos um protesto obscuro
UM PROTESTO OBSCURO GLORIFICANTE QUANDO GRITA
mesmo que dentro do inaudível alcance presente
tudo se desdobra dentro e fora do tempo
dentro e fora da cela dentro e fora da máquina
dentro e fora é o mesmo alcance em variações de lucidez
GLORIOSAS SÃO AS PENETRAÇÕES QUE NÃO FAÇO
o teatro que dentro de mim rebenta
o cântico em mim sanguíneo sussurrante
as cores de braços abertos
os traços de linhas quebradas que guardo na língua
e não uso essa língua senão para me esquecer do seu silêncio
e não falo essa língua porque não beijo ninguém
não guardo segredos na carne endurecida
não lambo revelações no lume de ninguém
e não é este o meu protesto é porque não há ninguém
não há ninguém não há ninguém
não há ninguém não há ninguém
não é ilha não é cabo não é bote perdido no mar
é terra é trabalho é exílio é revolta é devastação
GLORIOSO É O ROUBO DA IDENTIDADE
a poucos quilómetros do fulgor raia a negação
e não és ninguém em parte alguma se não fores tudo em ti mesmo
não és ninguém em parte alguma se não fores tudo em ti mesmo
não és ninguém em parte alguma se não fores tudo em ti mesmo
papéis não provam nada nada prova nada
linhas de montagem são estas fronteiras
linhas de montagem do cadáver interrompido
morto és assim serás e continuarás a mexer
morto és assim farás
morto és assim farás
morto és assim farás
O PRAZER CONFISCA-SE PELO PRÓPRIO NA HORA DO ASSALTO
no checkpoint deste apartheid
esconde a verdadeira identidade
esconde-a nesse buraco infinito que és
mexe e labora mexe e labora logo sairás
mexe e labora mexe e labora logo sairás
O PRAZER É MEU O PRAZER É MEU O PRAZER É MEU
este dito dizedeiro repetido nas linhas do agradecimento
do engrandecimento
do cimento dos dias que rolam como cabeças ao nossos pés
é o ocultismo em prece em rito em ascença e veloz permissa
é a mais fausta veste o mais longo manto a reluzente coroa
gesto de brilhante poeira cósmica em revolução alada rebelião
O PRAZER É MEU
independência é isto e pouco mais é território
é desta guerra deste apartheid que vos falo
e se falo penetro e penetro-me
APARTHEID DO ÚNICO DO DIVERSO
APARTHEID DA TRANSPARÊNCIA
SOMOS GENTE DE SEGUNDA-A-SEXTA
Ó BRANCOS DE MERDA PRIMEIRA
e não choro que não tenho relógio nem hora mas pressa
a minha meia-idade é Gibraltar atravessado
Fernando Lemos à vista
Picasso fêmea a um só nome sem herança sem terra nem guerra
trovão de Amor na Perpendicular de Outro Mundo
de Outra Voz
pois toda esta é ruído dentro e fora da Cabeça
meu Farol do Infinito
a minha meia-idade é uma Rosa em Luxemburgo
um Espinho em Leninegrado
a minha meia-idade é uma dança sobre a vala comum de todos os czares
a minha meia-idade é a Guernica florida a escorrer sangue e sorriso
A MINHA MEIA-IDADE É O COLOSTRO DE TODAS AS MÃES
a minha meia-idade é o desenho industrial do desmedo
da revelação automática
Màrio Cesariny de cu virado para o sol
Natália inscrita no Partido Comunista Português
depois da morte pois toda a beleza é póstuma
todo o poeta é Incerteza
a minha meia-idade é o saxofone de Charlie Parker antes da pneumonia
a rebelião de todos os assassinados
o tesão de Egon Shiele quando desenhava
a minha meia-idade é o cansaço do Exército Vermelho
na tomada do Reichtag
a memória de todas as vítimas torturadas
a minha meia-idade é uma trincheira desarmada
entre o Belo e a Identidade
e só me afasto da idade quando caírem os checkpoints
de todos os apartheids
e rolarem as cabeças de todos os assassinos nos estádios de futebol
SOU UMA POETA DE ARENA
não um leão ou gladiador
de actriz glorifica-me o que não faço
Agnés Varda fez por mim o sol nascer
e se forrássemos os prédios abandonados com o rosto dos sem-terra
dos sem-abrigo dos sem identidade
o mundo seria uma assombração
O MUNDO É UMA ASSOMBRAÇÃO